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O ESCRITOR E FILÓSOFO

 

Natural de Recife/PE, filho do jornalista Valdir Alves Coelho e da psicóloga Maria José Ramos Coelho, José Ramos formou-se em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (1979-1982). Ingressou a seguir na Universidade Federal da Paraíba (1983), onde concluiu o Mestrado em Filosofia da Cultura com a dissertação Religião e Verdade na Fenomenologia do Espírito de Hegel. Em 1984, matriculou-se numa disciplina de Estudos Dirigidos, no Mestrado de Antropologia da UFPE, realizando estudos sobre o pensamento mágico que o marcaram profundamente.

 

Em 1995, inscreveu-se no Curso de Especialização em Psicanálise oferecido pela UFPE. Os seus interesses, desde então, voltaram-se para a articulação transdisciplinar entre a Filosofia e os outros saberes que têm o homem como objeto – a psicanálise, a mitologia, o esoterismo e as tradições culturais milenares. Em 1997 inicia o seu Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo, defendendo a tese De Narciso a Édipo: a formação do artista, publicado pela EDUFRN, em 2005. 

 

É autor de vários livros, a maioria inéditos. Foram publicados A Colina e o Abismo (1978), em co-autoria com José Paulo de Melo Cabral; A Magia na Aldeia Global (1985); A Terapia da Excelência: uma introdução ao método da Estética Existencial (2007) e A Tragicomédia da Medicalização: a Psiquiatria e a Morte do Sujeito (2012); A morte da Cultura (2017); Filosofia na Pandemia (2020). 

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DO QUE TRATA A OBRA “De Narciso a Édipo: a criação do artista”.

 

Como um apreciador e amante da arte se transforma num criador? Quais as etapas ou momentos constitutivos desta metamorfose? Que atitudes, comportamentos e estruturas estão subjacentes?

 

Para responder a estas e outras indagações, José Ramos desenvolve o tema em três capítulos de seu livro.

No primeiro, tratando do mito de Narciso, a partir da versão do poeta latino Ovídio, disponibiliza os elementos necessários ao conhecimento das motivações que presidem ao comportamento do artista. Há, de fato, um sem número de comportamentos que podem ser classificados como sendo de natureza narcisista. São desses comportamentos são aqui privilegiados: o narcisismo especular – onde o eu se observa e se apreende em um outro (espelho, a mãe, um amigo, um amante, uma obra); e o narcisismo não-especular – onde o eu tenta furtar-se ao encontro com o outro que possa refleti-lo. 

 

No segundo capítulo, retoma o mito de Édipo, tal como é exposto na tragédia de Sófocles. Aí, aborda o significado e o alcance do enigma da Esfinge. Ato contínuo, seguindo até certo ponto os passos de Freud, Lacan e Platão (retomado por Joyce McDougall), detém-se na análise dos elementos presentes no Complexo de Édipo que elucidam o processo de constituição do sujeito, especialmente o momento marcante constituído pelo envolvimento com a mãe e o desenvolvimento possibilitado pela mediação da interferência do pai, que realiza um corte estruturante, inserindo a criança na ordem da cultura.

 

Finalmente, no terceiro, ‘O artista: um Narciso que se fez Édipo’, dialogando em especial com Arnold Hauser, André Malraux e Harold Bloom, procura  entender o Édipo do artista – momento crucial que demarca a linha de separação entre o apreciador e o artista, exemplificando esse movimento a partir do romance familiar de Platão, particularmente nas suas relações com o seu mestre Sócrates. 

 

A inter-relação entre o narcisismo e o Édipo fornece uma chave extremamente rica para a abordagem do processo de criação. Eles falam de vivências e acontecimentos fundamentais que estão presentes não apenas na formação do sujeito psíquico, mas igualmente na constituição do sujeito artístico.

 

 

 

 

DO QUE TRATA A OBRA “A Terapia da Excelência: uma introdução a estética existencial”.

 

Após a conclusão do doutorado em psicologia clínica com uma tese intitulada ”De Narciso a Édipo, a criação do artista”, Ramos debruçou-se sobre a questão da possibilidade de se utilizar algum método que rompesse com os entraves do manuseio da transferência (ou seja, o deslocamento dos pensamentos, sentimentos e comportamentos vivenciados na infância ou no passo para pessoas no presente), tal como ele se manifesta na clínica psicanalítica. Na verdade, o projeto inicial que submetera à qualificação intitulava-se “a transferência estética”. As questões que o interessavam então eram atinentes às relações entre a arte e a psicanálise.

 

Relendo o projeto enviado para a qualificação, percebeu que nele se dedicava a traçar paralelos entre a arte e a psicanálise, ou então procurava investigar de que forma o referencial analítico poderia subsidiar numa análise do sujeito através da arte.

 

No entanto, após o exame de qualificação, resolveu seguir por um outro caminho - investigando, com base nos mitos de Narciso e Édipo, como o artista se constitui enquanto sujeito.

 

Agora, no entanto, a questão se coloca de uma perspectiva mais radical. O objetivo não é mais mostrar as semelhanças ou as interferências e repercussões recíprocas entre a arte e a psicanálise, mas sim, de um lado, romper com os grilhões decorrentes do uso exclusivo da transferência analítica como instrumento terapêutico e, de outro, revitalizar a arte.

 

É possível a formalização e sistematização de um corpo teórico e metodológico que alie a profunda compreensão do sujeito oriunda da psicanálise com as conquistas, os avanços e a eficácia das terapias comportamentais e cognitivas? É possível ao terapeuta sair da camisa de força da neutralidade postural que lhe colocou a psicanálise, para, através de técnicas eficazes, potencializar o processo terapêutico?

 

Para um psicanalista, a análise não se efetiva sem a ocorrência da transferência. É possível, antes mesmo do surgimento da transferência, pôr em andamento o processo terapêutico? Em outras palavras, ao invés de se esperar pela transferência, o terapeuta não pode provocá-la voluntariamente no outro?  

 

A hipótese de trabalho que pairava no ar era a da possibilidade de se fazer uso não apenas da transferência terapeutizando/terapeuta, mas de múltiplas transferências. Daí o título sugestivo do projeto de qualificação – a “transferência estética”.

 

Aqui Ramos toma por base a concepção do sujeito desenvolvida por Hegel. Para ele, o sujeito só se revela nas suas produções e objetivações. O pensamento só se pensa a si mesmo quando se toma enquanto objeto; da mesma forma, o sujeito (humano ou divino) só se revela pelas suas obras e produções.

 

O comportamento neurótico, cuja tônica é a repetição incessante dos mesmos padrões, é o maior empecilho ao avanço do processo terapêutico e da cura. O neurótico apega-se ao seu sintoma como uma forma de lidar com seus problemas e conflitos. Ele é a sua obra de arte. Por outro lado, na busca da excelência, o caminho que se descortina aqui é o da ampliação radical da nossa criatividade, de modo a assumirmos conscientemente a nossa vida como a nossa própria criação. Afinal, como questionou Foucault, porque uma lata pode ser uma obra de arte e o ser humano não?

 

Esta obra é a explicitação da metodologia terapêutica original elaborada por Ramos não apenas para a resolução dos conflitos, como também para permitir ao sujeito resgatar a conexão com a sua própria essência e liberar todos os seus potenciais.  

 

DO QUE TRATA “A Tragicomédia da Medicalização”: a psiquiatria e a morte do sujeito”.

 

A psiquiatria está ampliando o seu campo de ação para os mais diversos aspectos da existência: o psiquiatra, agora, trata de praticamente todos os problemas humanos. As questões e dilemas éticos do indivíduo a cada dia menos tem a ver com a sua liberdade e poder de decisão – e mais com as dosagens bioquímicas de seu cérebro e com a indicação de fármacos. Da mesma forma, as sensações, emoções, percepções e estilos de pensar e de agir do indivíduo, a estética da existência, está se tornando da alçada das prescrições médicas. Hoje tudo é medicalizável: tristeza, preguiça, estresse, transgressão, falta de concentração, indisciplina, perda da libido...

 

A psiquiatrização da vida está suscitando uma extraordinária explosão demográfica nos índices de doentes mentais em todos os recantos do planeta. Será que o aumento deles se deve a um crescimento exponencial na sua capacidade reprodutiva ou é motivado por um estreitamento nos orifícios da rede classificatória do discurso médico-psiquiátrico que agora pega qualquer um? O que está por trás dessa pesca de arrastão? Como ela opera? Como as pessoas se deixam aprisionar imaginando serem acolhidas?

 

José Ramos Coelho, após analisar a forma como os psiquiatras em nossos dias atuam - via diagnóstico e medicação -, empreende nesta obra uma cruzada quixotesca contra a medicalização da existência, enfatizando os malefícios e riscos do uso de psicofármacos para aqueles que buscam o autoconhecimento e a autotransformação.

 

Retomando a crítica de Ivan Illich à medicina e deslocando-a para a psiquiatria, Ramos – à semelhança de Nietzsche – procura contextualizar criticamente as práticas médico-psiquiátricas contemporâneas numa perspectiva filosófica mais ampla, tomando os gregos clássicos como modelos.

 

Leia um resumo completo desta obra em

http://josramoscoelho.blogspot.com.br/search?updated-min=2012-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2013-01-01T00:00:00-08:00&max-results=6

 

 

DO QUE TRATA "A MORTE DA CULTURA: um diagnóstico de duas patologias da civilização". 

Morte da cultura? Enquanto houver homens, não haverá cultura? Na verdade, a expressão "morte da cultura" filia-se a uma tradição filosófica que remonta à decretação da morte de Deus em Nietzsche, e o tema da morte do homem por parte dos estruturalistas.

Vendo a cultura como um sistema imunológico protetor e regulador da vida social, ela aponta para a falência da superestrutura simbólica no seu papel essencial de dar sustentabilidade, orientação e sentido à existência de seus membros. O estresse generalizado, a proliferação de depressivos e a exacerbação dos ódios e dos índices de suicídio seriam, nesta perspectiva, apenas reflexos individuais de uma sociedade enferma e desequilibrada.

Identificando o “programa da racionalidade” como o causador da morte da cultura, o autor disseca as duas "patologias" que acometem a cultura: as rupturas ocasionadas pela descoberta da escrita e a adoção do dinheiro como medida universal de valor. Essas invenções possibilitaram o surgimento das civilizações, as guerras, a explosão demográfica, o capitalismo, a desestruturação ambiental, e a transformação do homem em mera peça a serviço de uma gigantesca engrenagem de produção e consumo.

 

Após descrever historicamente a evolução do capitalismo e a crise do iluminismo, o autor propõe um anarquismo dadivoso, ou seja, um novo modo de vida onde a dádiva substitua o desejo de acumulação, e o cultivo da sabedoria leve a uma vida mais autêntica e norteada por valores perenes.

DO QUE TRATA "A FILOSOFIA NA PANDEMIA"

Esta obra reúne vários textos escritos antes e durante a atual pandemia do novo coronavírus. Eles inicialmente vieram a público pelas redes sociais (facebook e instagram) do autor.

O tema central abordado nos artigos seguintes diz respeito à crise da cultura que já vinha se arrastando ao longo das últimas décadas – e encontrou na covid-19 um explosivo catalisador.

O autor interpreta a cultura como um sistema simbólico homeostático cuja função – à semelhança do sistema imunológico no indivíduo – é preservar a saúde e a integridade de seus membros. E descreve o progressivo colapso dos valores culturais vigentes, bem como a necessidade imperiosa de uma revolução cultural que conduza a humanidade a uma pós-cultura, na qual a economia se submeta às leis da ecologia, e a competição dê lugar a um mundo menos desigual e mais solidário.

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